segunda-feira, 31 de março de 2008

Compromisso com a Igreja (Católica) e com o Brasil.

DIMAS LARA BARBOSA,
bispo auxiliar católico do Rio de Janeiro

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Nossas assembléias gerais são fundamentais para que a CNBB cumpra seu papel de fonte inspiradora à ação pastoral da igreja no Brasil
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DESDE que foi criada, em 1952, sob a inspiração do saudoso dom Hélder Câmara, cujo centenário de nascimento estamos a celebrar, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) vem escrevendo uma história que orgulha a igreja brasileira.

Instrumento na consolidação da comunhão episcopal (são mais de 420 bispos, aí incluídos os eméritos), a CNBB se configura também como insubstituível mediação na busca da unidade pastoral que marca as 271 circunscrições (arquidioceses, dioceses, prelazias...) espalhadas por todo o Brasil, com suas mais de 9.000 paróquias, 18 mil presbíteros, 2.300 diáconos permanentes, mais de 38,7 mil religiosos e religiosas e membros de outras formas de vida consagrada, além de centenas de milhares de agentes pastorais, leigos e leigas, responsáveis pela evangelização de nossas comunidades.

Sem dúvida, nossas assembléias gerais, realizadas anualmente, são fundamentais para que a CNBB cumpra seu papel de fonte inspiradora para a ação pastoral da igreja no Brasil. Aí reunidos, os bispos exercem, de maneira colegiada, sua missão de pastores. Partilhando preocupações e esperanças, debruçam-se sobre a realidade na qual está inserido o povo de Deus e, à luz das Sagradas Escrituras e do magistério da igreja, buscam os melhores caminhos para levar a todos a vida em abundância que Jesus veio trazer (cf. Jo 10,10).

Nesta 46ª Assembléia, que realizaremos de 2 a 11 de abril, em Itaici (Indaiatuba, São Paulo), entre os muitos assuntos a serem discutidos, três merecem destaque. O primeiro deles é o das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, um documento referência para nosso planejamento pastoral.
Renovadas a cada quatro anos, as diretrizes não só asseguram, na diversidade, a unidade da igreja como também apontam pistas para que a evangelização esteja cada vez mais de acordo com as exigências de seu tempo e, portanto, fiel a Jesus Cristo e a seu plano de construção de uma sociedade justa e fraterna, sinal do reino que Ele inaugurou entre nós.

Está cada vez mais claro para nós que "vivemos uma mudança de época, e seu nível mais profundo é o cultural", em que "se dissolve a concepção integral do ser humano, a sua relação com o mundo e com Deus" (cf. Documento de Aparecida, 44).
Por causa de uma economia subserviente ao mercado e voltada primordialmente para o lucro, vemos dilacerados os rostos de tantos excluídos, que se tornam supérfluos e descartáveis. Não fazemos pastoral para anjos, mas para pessoas concretas que vivem situações concretas de dor e sofrimento.

Um segundo tema que ocupará a atenção dos bispos em Itaici são as decisões da 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada em Aparecida (SP) em maio do ano passado.

Essa conferência, ao mesmo tempo em que reafirmou as grandes opções da igreja latino-americana e caribenha pelos pobres e pela fidelidade ao Vaticano 2º, mostrou também uma força nova que brota das comunidades eclesiais de base (CEBs), das novas comunidades e movimentos com seus carismas próprios.

Não deixou, porém, de mostrar algumas fraquezas que requererão de nós esforço e trabalho para serem superadas. Nesse contexto se insere o apelo a uma conversão pastoral que significa a revisão de nossas estruturas e métodos pastorais.
Desafia-nos, ainda, o número de comunidades privadas da eucaristia por causa da escassez de padres, além da multidão de católicos que, sem deixar formalmente nossa igreja, não participam de nossas comunidades nem têm vida sacramental.
Ainda sob a inspiração da conferência de Aparecida, nasce o terceiro tema de nossa assembléia: a missão continental. Definida como uma grande ação conjunta da igreja da América Latina e do Caribe, essa missão há de se constituir num momento ímpar de reavivamento da fé no coração dos católicos, levando-os a um compromisso com a justiça e a paz, conforme o desejo do próprio Cristo.

Confiamos na ação do Espírito Santo que haverá de nos assistir. Sob sua luz e sob a proteção da mãe Aparecida, queremos olhar para a igreja e para o Brasil, a fim de sermos protagonistas de uma nova história, na construção da civilização do amor.

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DOM DIMAS LARA BARBOSA , 52, doutor em teologia sistemática pela Universidade Gregoriana de Roma, é bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
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A opinião do autor não traduz a opinião do diretor deste blog.
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Fonte: Folha/tendências e debates.

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