quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Suspensa Extradição dos Fundadores da Renascer

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio suspendeu liminarmente a extradição do casal Estevan Hernandez Filho e Sonia Haddad Moraes Hernandez, fundadores da Igreja Renascer em Cristo.

Ao analisar o pedido de liminar no Habeas Corpus (HC) 96372, o ministro concordou com os argumentos do advogado de defesa, de que não existe contra o casal nenhum decreto de prisão expedido pela justiça brasileira. Dois pedidos nesse sentido foram cassados – um pela Primeira Turma do STF, e outro pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), revelou o ministro. “O fato de terem contra si ação em andamento e estarem hoje nos Estados Unidos da América não é suficiente a respaldar o ato do juízo que resultou no acolhimento do pedido formulado pelo Ministério Público [de extradição]” salientou.

O ministro explicou, ainda, que os crimes pelos quais o casal responde não estão abrangidos pelo Tratado de Extradição assinado entre Brasil e EUA. Isto porque o crime de que são acusados Sonia e Estevan – lavagem ou ocultação de de bens e valores – foi previsto pela Lei 9.613/98, e não estava presente no Tratado, que é de 1965.

O ministro concedeu a liminar, para suspender, até o julgamento final do Habeas pelo STF, o ato do juiz da Primeira Vara Criminal de São Paulo, que deferiu a apresentação do pedido de extradição formulado pelo Ministério Público.

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quarta-feira, 2 de julho de 2008

Espíritas Conseguem Retirar Livro de Padre de Circulação.


Pessoal, a situação descrita abaixo é gravíssima e nos dá um vislumbre para onde estão tentando aplicar leis preconceituosas no Brasil.

A situação abaixo descreve o que está passando o Padre Jonas Abib, que não cometeu mal algum. Ele apenas denunciou o espíritismo, conforme a própria Bíblia faz.

É assim que trabalha o Estado laico: defendendo a bruxaria e atacando os valores cristãos.

Meu total apoio ao Pe. Jonas.

Os espíritas estão com medo do despretensioso livrinho "Sim, Sim! Não, Não!" do monsenhor Jonas Abib, da comunidade Canção Nova, que já vendeu mais de 400.000 exemplares. Por isso requisitaram ao Ministério Público da Bahia que ingressasse com ação para que a comercialização do livro fosse proibida. O promotor de justiça Almiro Sena (o mesmo que quis censurar a telenovela "Sinhá Moça") entendeu não ter coisa melhor para fazer e atendeu ao pedido dos espíritas, ingressando com ação para recolher os exemplares do livro de todas as livrarias e bancas de jornal de Salvador - BA e denunciando o monsenhor Jonas por prática e incitação de discriminação e preconceito religioso, crime punido com 1 a 3 anos de reclusão (art. 20 da Lei Federal n. 7716/1989).

Os espíritas e o promotor Almiro Sena querem ver o monsenhor Jonas na cadeia por ele ter proclamado a doutrina católica sobre o espiritismo.

O monsenhor Jonas está sendo perseguido com violação da laicidade constitucional do Estado. Em primeiro lugar, porque o monsenhor não praticou ou incitou discriminação ou preconceito contra qualquer pessoa em seu livro. Ele apenas dirigiu seus ataques à doutrina e às práticas espíritas. Uma coisa é discriminar uma pessoa pela doutrina que ela segue e pratica; outra, bem diferente, é reprovar uma falsa doutrina ou práticas maléficas do ponto de vista de nossa própria religião. Toda a controvérsia entre o monsenhor Jonas e os espíritas é de ordem puramente doutrinal, religiosa e espiritual, campo sobre que o Estado brasileiro não tem competência para julgar, conforme o princípio da laicidade, garantido pela Constituição Federal. Segundo os espíritas, as críticas que o monsenhor Jonas faz à doutrina e às práticas do espiritismo são inverídicas. Acontece que, de acordo com o princípio constitucional da laicidade, o Estado brasileiro não têm competência para julgar acerca da verdade de uma religião ou para arbitrar conflitos entre as diversas confissões religiosas. O poder judiciário não tem competência para julgar se a posição católica sobre o espiritismo é verdadeira ou falsa.

Em segundo lugar, a violação ao princípio constitucional da laicidade é ainda mais gritante porque o monsenhor Jonas está sendo perseguido por haver criticado a religião oficial do Estado da Bahia. Pois é, embora a Constituição Federal, em seu artigo 19, I, proíba a União, os Estados e os Municípios de "estabelecer cultos religiosos ou igrejas", bem como "manter com eles relações de dependência ou aliança", a Constituição do Estado da Bahia, ao arrepio do Pacto Federal, estabeleceu o seguinte em seu artigo 275:

Art. 275 - É dever do Estado preservar e garantir a integridade, a respeitabilidade e a permanência dos valores da religião afro-brasileira e especialmente:
I - inventariar, restaurar e proteger os documentos, obras e outros bens de valor artístico e cultural, os monumentos, mananciais, flora e sítios arqueológicos vinculados à religião afrobrasileira, cuja identificação caberá aos terreiros e à Federação do Culto Afro-Brasileiro;
II - proibir aos órgãos encarregados da promoção turística, vinculados ao Estado, a exposição, exploração comercial, veiculação, titulação ou procedimento prejudicial aos símbolos, expressões, músicas, danças, instrumentos, adereços, vestuário e culinária, estritamente vinculados à religião afro-brasileira;
III- assegurar a participação proporcional de representantes da religião afro-brasileira, ao lado da representação das demais religiões, em comissões, conselhos e órgãos que venham a ser criados, bem como em eventos e promoções de caráter religioso;
IV - promover a adequação dos programas de ensino das disciplinas de geografia, história, comunicação e expressão, estudos sociais e educação artística à realidade histórica afro-brasileira, nos estabelecimentos estaduais de 1º, 2º e 3º graus.

http://www.al.ba.gov.br/arquivos/constituicao2007.pdf

Ora, este artigo da Constituição baiana é manifestamente inconstitucional por estabelecer uma religião de Estado, medida que é rigorosamente proibida pelo art. 19, I, da Constituição Federal. E é com base nesse artigo, fulminado de nulidade por expressamente contravir a Constituição Federal, que o monsenhor Jonas está sendo processado.

Eu só não entendo por que os espíritas ainda não entraram com processo para proibir a comercialização do Catecismo da Igreja Católica, que também ataca o espiritismo, ou a edição Ave Maria da Bíblia Sagrada, em que consta com todas as letras o seguinte:

"Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à invocação dos mortos, porque o Senhor teu Deus abomina aqueles que se dão a essas práticas" (Deut 18,10-12)

E mais, se os espíritas têm o direito de proibir os livros dos católicos que os criticam, o que poderiam fazer os católicos com os livros espíritas que caluniam a Igreja, como os que são citados a seguir?

"O Papa, príncipe temporal, espalha o erro pelo mundo" (KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Federação Espírita Brasileira, 1949. p. 282).

"A história do papado é a do desvirtuamento dos princípios do cristianismo, porque, pouco a pouco, o Evangelho quase desapareceu sob as suas despóticas inovações. Criaram os pontífices o latim nos rituais, o culto das imagens, a canonização, a confissão auricular, a adoração da hóstia, o celibato sacerdotal e, atualmente, noventa por cento das instituições são de origem humaníssima, fora de quaisquer características divinas" (XAVIER, Francisco Candido. Emmanuel. Federação Espírita Brasileira, 4a edição. p. 30).

Cuidado, espíritas! O feitiço pode virar contra os feiticeiros.

Autor: Rodrigo R. Pedroso.

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sexta-feira, 20 de junho de 2008

Globo Quer Reconquistar Audiência de Evangélicos.

Segundo a Revista Veja, há uma recente instrução geral (não escrita) na Globo sobre como tratar os evangélicos, vinda diretamente da família Marinho: adversária é só a Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo - e não todas as igrejas evangélicas. Em sua programação, a emissora deve deixar claro que não discrimina os outros evangélicos. Essa demarcação terá que ficar nítida.

A avaliação é que a Universal aproveita bem o embate com a Globo para unir todos os evangélicos contra a emissora - e que a Globo nunca conseguiu explicitar de modo patente que a sua guerra é com igreja de Macedo, a qual chama de seita. Na verdade, a Globo nunca se preocupara com isso, que, afinal, parece meio óbvio, e botavam todos no mesmo saco. Resultado: há entre boa parte dos evangélicos o sentimento de que são discriminados pela emissora. Agora, tenta recuperar o tempo e a audiência perdidas.
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Fonte: site Radar on Line/Revista Veja

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terça-feira, 10 de junho de 2008

Mulheres brasileiras em Portugal sofrem com a discriminação e têm dificuldade para alugar apartamento

"A discriminação em Portugal é um fato", diz energicamente Paula Toste quando questionada pelo UOL sobre a forma como foi tratada quando viveu na capital portuguesa Lisboa por duas vezes. "Sentia a discriminação pelo sotaque, era começar a falar que já olhavam de outra maneira. O fato de eu ser do Brasil era pior devido à péssima fama das brasileiras que vão para a Europa se prostituir."

Como Paula, outras mulheres brasileiras que decidem emigrar para Portugal queixam-se cada vez mais de discriminação e do preconceito por parte dos portugueses em diferentes momentos da sua vida, mas principalmente na hora de arranjar casa para morar.

Mas o UOL apurou também que elas sofrem ainda insultos ou diferenciação salarial no trabalho, abusos de autoridade das forças de segurança e incorreto atendimento nos serviços públicos pelas situações do cotidiano. Estes fatos são os que mais queixas de discriminação racial geram neste país da Europa.

Números do preconceito

45,3% dos brasileiros que vivem em Portugal que foram entrevistados para a pesquisa "Imigração Brasileira em Portugal" responderam ter visto "bastantes" casos de discriminação da parte dos portugueses em relação aos brasileiros. Considerando conjuntamente os que assinalam terem visto "bastantes" casos e "alguns" casos, esse número sobe para 71,9% dos consultados
Um estudo apresentado em julho de 2007 pelo Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), intitulado "Imigração Brasileira em Portugal" e coordenada pelo professor Jorge Malheiros, revelou que o 45,3% dos entrevistados consideram ter visto "bastantes" casos de discriminação da parte dos portugueses em relação aos brasileiros. Considerando conjuntamente os que assinalam "bastantes" casos e "alguns" casos, esse número sobe para 71,9%.

Apenas 19,3% dos entrevistados disseram nunca ter visto "nenhuma" situação dessas. Além disso, o relatório revela que 34,5% dos brasileiros entrevistados declararam ter tido conflitos com cidadãos portugueses pelo fato de serem brasileiros, mas 65,3% afirmam nunca ter tido esse problema.

A pesquisa ouviu 400 brasileiros que vivem em Portugal, sendo 255 homens e 145 mulheres. O levantamento foi feito a partir de entrevistas diretas, pessoais, que duraram cerca de 25 minutos e foram realizadas na residência dos entrevistados ou em locais públicos, de acordo com um questionário previamente elaborado.

Paula é luso-descendente. Nasceu no Rio de Janeiro e nos últimos anos esteve por duas vezes vivendo em Portugal, "uma porque ganhei uma bolsa do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português; outra, a procura de uma nova experiência profissional", conta ela, que diz se sentir à vontade para comentar o assunto pelo fato de a sua origem ser portuguesa, o que reforça o seu desgosto. "O meu pai emigrou dos Açores para o Brasil".

Sensivelmente magoada pela sua experiência européia, ela diz que trabalhou 9 meses em uma dependência do MNE e foi bem recebida, mas não se cansa de afirmar que a discriminação em Portugal existe e é visível, sobretudo para os imigrantes que não estão legais.

Paula, que é graduada em Comunicação Social por uma universidade do Rio de Janeiro, diz que não quer voltar mais ao país. "Portugal para mim só de passeio para matar as saudades dos familiares e amigos, que vivem nas Ilhas dos Açores. Viver ali novamente, nem pensar! Só voltaria a morar em Portugal se por acaso estivesse trabalhando em uma empresa do Brasil e fosse transferida. Mesmo assim, só iria se eu não tivesse opção de escolha!"

Discriminação por telefone

"As brasileiras começam a ser discriminadas já quando telefonam para pedir informações sobre aluguel de apartamentos", conta Paula. "Uma amiga brasileira ligou perguntando o preço e a dona do apartamento disse que já tinha sido ocupado. Logo pediu para uma amiga portuguesa ligar e a mesma mulher disse o valor do aluguel e informou que ainda estava disponível. Ou seja, por causa do sotaque e percebendo que era brasileira foram negadas as informações."

Aline também emigrou do Rio de Janeiro. Preferindo não divulgar o seu sobrenome, ela disse ao UOL que quando chegou a Aveiro, cidade no centro do país, procurou um apartamento para viver enquanto estudava. "Telefonei para várias pessoas. Uma senhora me disse que não queria brasileiras no apartamento dela. Expliquei que estava na Universidade de Aveiro e ela falou que já tinha ouvido essa história antes e encerrou a conversa. Outra senhora me convidou para visitar o apartamento só para saber como eu era, pois já tinha negado a uma outra pela 'aparência duvidosa'."

Para esta estudante, o preconceito se torna mais agressivo por ser quase declarado. Mas ela ressalta que não é só com os brasileiros que isso ocorre. "Também discriminam mães solteiras, pessoas que vão morar junto sem se casar. São coisas já ultrapassadas em outros países e que em Portugal são ainda importantes."

Problema é pior na periferia

O ACIDI é um instituto público integrado na administração indireta do Estado, que tem como missão colaborar na concepção, execução e avaliação das políticas públicas relevantes para a integração dos imigrantes. O relatório do organismo sublima que os casos de "discriminação" estão se acentuando nos locais com maior concentração de imigrantes brasileiros, situados na periferia da capital portuguesa.

Conflito de valores

"Por um lado, os portugueses adoram a cultura brasileira, a música, literatura, telenovelas, futebol, passar férias no nordeste do país, o bom humor, a alegria. Mas por outro, sentem-se incomodados com a grande presença de brasileiros em Portugal, pela disputa por empregos ou pelos problemas da prostituição e dos casos de contravenção, e ainda da clandestinidade", explica Marcos Gaspar, sociólogo luso-brasileiro.

Em contrapartida, o espaço caracterizado pelo maior cosmopolitismo e pela freqüência mais elevada de contatos interétnicos - que seria a capital Lisboa - registra a maior porcentagem de respostas no conjunto das categorias "pouco e nenhum caso de discriminação" e claramente a menor na categoria "bastantes casos de discriminação".

No contexto da União Européia, um inquérito realizado pelo Observatório Europeu dos Fenômenos Racistas e Xenófobos, entre 2002 e 2005, a 1.619 imigrantes cabo-verdianos, guineenses, brasileiros e ucranianos residentes em Portugal revela que a maior taxa de discriminação se incidia na compra ou aluguel de um imóvel ou no pedido de um crédito bancário (42%) e no emprego (32%).

O último relatório de atividades da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) informa que, entre setembro de 2005 e dezembro de 2006, as grandes áreas de denúncias foram a laboral, forças de segurança e Estado, que representavam quase metade das 85 queixas apresentadas por particulares e associações.

Neste contexto, Manuel Correia, fundador da Frente Anti-Racista Portuguesa, alertou para as formas "sutis" de discriminação racial, que considera que têm grande peso. "São formas de discriminação disfarçadas para diminuir o outro, mas nem sempre se pode provar que se está a discriminar", avalia.

Correia admite que se criam situações de "desencorajamento ao aluguel" de casas aos africanos e brasileiros, de "incorreto atendimento nos estabelecimentos públicos", a falta de promoção de carreiras, os baixos vencimentos e "as expressões injuriosas" das chefias no posto de trabalho e a "desproporcionalidade do uso da força da polícia junto da comunidade negra".

"Brasileiros fazem bagunça"

"Na minha opinião, os portugueses que alugam casas criam um preconceito em relação aos brasileiros e resolvem ignorá-los à sua maneira", diz Flavia Santos, uma bolsista de investigação brasileira que está estudando na Universidade Nova de Lisboa.

Flavia contou ao UOL que em uma das ligações que fez durante a procura de apartamento, uma senhora perguntou a ela de onde era. Quando disse que era do Brasil, a senhora falou que não alugava quartos a brasileiros. "Perguntei a ela o motivo e ela me disse: 'já tivemos experiência antes e sabemos como são os brasileiros. Gostam de pôr a música nas alturas e fazem bagunça'. As palavras dela apenas confirmaram o que eu já sabia."

A estudante disse que é difícil fazer comparações, mas pensando em experiências que teve em Lisboa e em Londres, na Inglaterra, percebe que a situação em Portugal é mesmo mais grave. "Em Londres, consegui arrumar um quarto no mesmo dia em que cheguei. Portugal é um país provinciano. A maioria da população é idosa e isso dificulta a negociação e vem se somar à barreira do preconceito que têm com brasileiros e com africanos. Ao final disto tudo, acabei por arranjar um quarto em uma casa que divido com outros brasileiros."

Ana Paula Bittencourt atualmente trabalha em uma clínica médica para poder custear o curso de mestrado em uma universidade de Lisboa. Ela diz que na chegada ao país foi mais difícil o convívio porque sentia muito as diferenças. "Agora já não ligo muito. Acho que o pior era uma certa desconfiança do que você está fazendo por aqui", diz ela.

O crescimento da imigração

Na última década, Portugal passou de um país tradicionalmente de emigração para transformar-se em um país de imigração. Deixou de ser um país "exportador" de mão-de-obra e se transformou também em "importador". O aumento da imigração se deve, fundamentalmente, à sua entrada na União Européia e com esta chegada de emigrantes provenientes da América do Sul (principalmente do Brasil) e dos países do leste europeu (Ucrânia, Moldávia, Roménia e Rússia).

Hoje em dia se considera que 10% da população do país - que já atinge os 11 milhões de pessoas - é de origem estrangeira. E isso fez com que o fenômeno que sempre tinha sido externo se transformasse em um tema da agenda governamental, política e social do país.

A estudante diz que na primeira casa que alugou o dono mal falava com ela. "Só ficamos amigos depois que ele percebeu que eu não vim para cá para 'tentar a vida' [prostituir-se]. Quando saí de lá, o proprietário da casa onde moro atualmente comentou que se não tivéssemos um amigo em comum ele não alugaria a casa para uma brasileira."

A jovem que emigrou de Joaçaba (Santa Catarina) sente que a discriminação com os negros e imigrantes do leste europeu é muito maior que com brasileiros. "Tenho a idéia de que o pensamento aqui é que existem muitos brasileiros 'gente boa', que são simpáticos e trabalhadores. E trabalham naquilo que os portugueses não querem trabalhar. Mas com os negros isso não acontece. Nenhum se salva."

Conflito interno entre portugueses

Para o sociólogo carioca Marcos de Oliveira Gaspar - filho de um cidadão português emigrado para o Brasil na década de 1950 - e que chegou a Lisboa em maio de 2001 por meio de uma bolsa do Ministério dos Negócios Estrangeiros Português (MNE), a discriminação com os brasileiros é um conflito interno entre os portugueses.

"Como pode um povo discriminar os brasileiros e participar de forma tão intensa de um festival como o Rock'n Rio/Lisboa, com diversos artistas brasileiros. Acho que os brasileiros entraram em um processo de discriminação que é um fenômeno europeu, em decorrência da globalização econômica que, por conseqüência, atrai cidadãos de outros continentes que sofrem com as freqüentes crises econômicas, políticas e sociais das últimas três décadas."

Gaspar estudou o fenômeno da imigração em uma universidade de Lisboa e afirma que na hora de alugar uma casa, os portugueses irão preferir sempre um cidadão português. "No Brasil também é mais fácil alugar uma casa para um brasileiro do que a um estrangeiro. Fica mais fácil de resolver a documentação e confiar. No meu caso, que aluguei um apartamento com um amigo argentino, acabei tendo a preferência em relação a uns italianos. Mas claro que o fato de os dois sermos filhos de portugueses ajudou."

Liliana é um exemplo de brasileira que nunca sentiu o preconceito por ser do Brasil, mas sim por ser simplesmente imigrante. Ela migrou para Lisboa em 2002 e trabalha para um órgão do governo. "Eu me sinto discriminada por ser imigrante e não por se brasileira", afirma. "Como não posso ter Bilhete de Identidade, também não posso comprar uma casa ou pedir um empréstimo. Não posso nem ter cartão de descontos da Fnac porque não tenho documento português".

Mas o sociólogo diz acreditar que se não houvesse essa forte imigração para Portugal, os brasileiros continuariam sendo muito bem recebidos. "Como ocorreu até o final da década de 1980, coincidência ou não, o período que Portugal entra na Comunidade Européia e o Brasil vive sua pior crise econômica."
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Fernando Moura
Especial para o UOL
Em Lisboa

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sexta-feira, 16 de maio de 2008

Tribunal Quase Longe Demais.

O TRT de Campinas (15º Região) voltou atrás na sua decisão de acabar com o protocolo integrado, que permite ao advogado entrar com recurso sem ter de viajar até o tribunal. Para alívio de quem mora longe de Campinas — das comarcas mais distantes, a viagem pode ter até 500 quilômetros — o tribunal revogou o provimento que acabaria com o sistema integrado. O presidente da Aasp, Marcio Kayatt, fez sustentação oral na sessão do Órgão Especial desta quinta-feira e convenceu os juízes de que a medida seria desastrosa para os advogados.
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Fonte: Site do Consultor Jurídico.

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terça-feira, 6 de maio de 2008

Caso Isabela: Midia Antecipa Julgamentos





"(...) em face da triste morte da pequena Isabella, há imenso delírio da mídia, gerando o paroxismo da morbidez na curiosidade e na raiva intensas da população, que grita: "Assassinos!"

A audiência de noticiários cresceu mais de 40%. As emissoras contrataram profissionais para a cobertura jornalística. Especialistas de toda ordem dão palpites na mídia.

O promotor vai ao Fantástico, lá vão os indiciados. O processo corre diante das câmeras televisivas. A mídia entra diretamente em competição com a Justiça. A imprensa pretende revelar a verdade para que a opinião pública seja o juiz, sem as precauções do devido processo, sem a presunção de inocência, sem as regras estritas do contraditório.

É difícil ter a garantia de que a busca de elevação dos índices de audiência coincida com a revelação objetiva da verdade. São interesses inconciliáveis numa imprensa sensacionalista.

Como, então, enfrentar o impacto da mídia na Justiça, que dita condenações, elegendo apressadamente autores, ou promove absolvições injustas? Só pela prudência a ser alcançada pela efetiva auto-regulação da mídia e pela eficácia de preceitos éticos, tal como dispõe o Código de Ética dos Advogados, segundo o qual o advogado deve evitar na imprensa a promoção profissional, o debate de caráter sensacionalista, bem como a manifestação acerca de causa sob seu patrocínio ou de colega."
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Jurista Miguel Reale Jr., em artigo no Estadão, citado no site Migalhas.

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sexta-feira, 25 de abril de 2008

Vulcão provocou inverno devastador do ano 1600

Cientistas já sabem há algum tempo que grandes erupções vulcânicas têm o efeito de resfriar a Terra ao encher a atmosfera de partículas com enxofre. Um estudo publicado agora por geólogos da Universidade da Califórnia em Davis, porém, mostra a que ponto pode chegar essa influência sobre o clima.

Estudando eventos que se seguiram à erupção do vulcão Huaynaputina, no sul do Peru, em 1600, os cientistas mostraram que ela deve ter sido a causa de um inverno recorde em um período de seis séculos.

A descoberta foi apresentada pelos geólogos Kenneth Verosub e Jake Lippman em um trabalho publicado na última edição da revista "EOS", da União Geofísica dos EUA. Depois de passar três anos fazendo trabalho de historiadores, a dupla conseguiu descobrir uma série de eventos datados de 1601 nos EUA, na Europa e na Ásia que provavelmente estão ligados ao resfriamento global causado pelo vulcão peruano.

"Na Rússia, o inverno de 1601/1602 foi grave, e acredita-se que mais de 500 mil pessoas tenham morrido entre 1601 e 1603 naquela que foi considerada a pior onda de fome na história russa", escrevem os geólogos. "Na França, a data de início da colheita dos vinhedos em 1601 está entre as sete mais atrasadas no período entre 1500 e 1700."

Diversas outras anomalias causadas pelo frio fora do comum --como nevascas recorde e vento excessivo-- foram registradas no mundo inteiro naquele ano também na Suécia, no Japão, nas Filipinas, na Suíça, na China, no Japão, na Estônia e na Lituânia.

Os geólogos americanos afirmam que a descoberta foi uma espécie de "ato de fé", já que poucos especialistas em clima esperavam que se pudesse obter tantos dados sobre a época estudada. Os geólogos-historiadores, porém, sabiam que não era bem assim.

"Em 1600, a Renascença havia transformado a sociedade européia, e muitas pessoas na Europa estavam fazendo e registrando observações sobre o mundo ao seu redor, inclusive sobre o tempo e o clima", escrevem Verosub e Lippman. "No Japão e na China, sistemas imperiais vigentes fortemente burocráticos produziram numerosos registros escritos."

Aquecimento global

Os geólogos americanos começaram a estudar a erupção do Huaynaputina para compará-la à outro registro recorde: a explosão do vulcão Tambora em 1815, na Indonésia, que era mais bem documentada, que também revela muito sobre o quanto um vulcão pode causar anomalias climáticas.

Verosub e Lippman afirmam, por exemplo, que o inverno rigoroso na Rússia de 1601 normalmente é atribuído à chamada Pequena Era do Gelo, uma tendência longa de resfriamento registrada na Idade Média. Provavelmente é um erro, e o culpado foi mesmo a erupção do vulcão peruano, dizem.

Os geólogos americanos também afirmam que outra contribuição de seu trabalho é mostrar como o estudo de médias climáticas em um passado distante pode conter ruído --informação que atrapalha a medida de tendências.

"O problema se torna especialmente grave quando o objetivo da pesquisa é demonstrar mudança climática no longo prazo (ou seja, o 'aquecimento global antropogênico' [causado pelo homem])", afirmam os pesquisadores.
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fonte; site da folha

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sexta-feira, 18 de abril de 2008

Nasa Contesta Cálculo de Impacto Feito por Garoto de 13 anos.


O Laboratório de Propulsão a Jato, JPL, da Nasa, ligado ao Instituto de Tecnologia da Califórnia, Caltech, emitiu na tarde de ontem uma nota informando que a probabilidade de impacto do asteróide Apophis permanece com os mesmos valores calculados anteriormente e de acordo com os cientistas do JPL, a chance da rocha atingir a Terra no ano de 2036 é de apenas 1 em 45 mil.

A nota é uma resposta da agência espacial americana, logo depois que um menino de 13 anos informou ter refeitos os cálculos de impacto de Apophis feitos pela Nasa. Segundo os cálculos do garoto, as chances de impacto não são de 1 em 45 mil e sim de 1 em 450, 100 vezes maior do que as estimativas.

O garoto, um estudante alemão de 13 anos de idade, refez os cálculos dos cientistas como parte de um projeto de feira de ciências de sua escola e em seguida publicou as informações em seu blog. Não se sabe ao certo como uma nota em um blog inexpressivo e sem referência científica teve tanta repercussão, mas estima-se que em apenas 1 dia o pequeno site recebeu nada menos que 3 milhões visitas.

Para chegar ao número divulgado, os cálculos do estudante, de nome Nico Marquardt, levaram em conta que o asteróide iria se chocar, em 2029, com um dos inúmeros satélites geoestacionários que orbitam a Terra, em uma região conhecida como Cinturão de Clarke, a cerca de 36 mil quilômetros de altitude. O choque, segundo Marquardt, faria Apophis alterar sua órbita, fazendo atingir a Terra sete anos depois. Ainda segundo o estudante, a força do impacto seria equivalente a 30 mil bombas atômicas.

No entanto, a agência espacial norte-americana informou que o asteróide não passará próximo ao cinturão de satélites no ano de 2029 e que a chance de colisão com algum satélite é extremamente improvável.

Apophis

Apophis faz parte de uma categoria de asteróides conhecidos como Aten, com o eixo semi-maior (maior afastamento de um objeto dentro da órbita) menor que 1 Unidade Astronômica, ou 149 milhões de quilômetros. Apophis executa uma revolução ao redor do Sol em 323 dias e dessa forma cruza a órbita terrestre duas vezes por ano.


Aphopis, que em grego significa "destruidor", é hoje o corpo celeste mais vigiado no espaço pela comunidade científica e de acordo com os últimos cálculos sua máxima aproximação da Terra ocorrerá em 13 de abril de 2036, com chance de colisão extremamente baixa de 1 em 45 mil.

Baseado em estudos sobre o brilho do asteróide, os especialistas calcularam que Apophis, oficialmente chamado 99942 Apophis, mede entre 320 e 420 metros, e caso se choque com a Terra, sua massa, velocidade, composição e ângulo de entrada na atmosfera seriam suficientes para provocar uma explosão equivalente a 1480 megatons de TNT, o que representa 114 mil vezes a energia liberada pela bomba atômica lançada em 1945 sobre Hiroshima e sete vezes mais intensa que explosão do vulcão Krakatoa, na Indonésia, em 1883. Essa energia seria capaz de desintegrar completamente uma extensão de terra do tamanho da ilha da Sicília e causar efeitos colaterais na geografia, no clima e no meio ambiente de mais de 30% do planeta.


Nota do Apolo11
Os dados recebidos diariamente e divulgados publicamente pelo Programa de Objetos Próximos à Terra, da Nasa, informam que Apophis permanece com risco de colisão zero. Também não sabemos como o boato foi aceito tão facilmente pelas agências de notícias, que não tiveram o cuidado necessário de checar a fonte da informação.

Com um pouco de bom senso e pesquisa veriam que Apophis é uma rocha de mais de 400 metros e um satélite artificial tem apenas 1% disso. A massa de Apophis é imensamente maior que a de algum satélite. Seria o mesmo que dizer que um trem pode descarrilar após se chocar com uma bola de basquete. Além disso, publicar cegamente que um garoto de 13 anos é mais esperto que toda a comunidade científica é, no mínimo, um desrespeito aos leitores.

Arte: No topo, concepção artística mostra o choque de asteróide contra o oceano. Na sequência, posição orbital de Apophis no dia 13 de abril de 2036, quando a rocha atingirá a maior aproximação da Terra. Créditos: Nasa/JPL.
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Fonte: site apolo11.

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quinta-feira, 17 de abril de 2008

Papa diz que Sociedade dos EUA Pode Minar Fé Católica.

O papa Bento XVI elogiou a tolerância religiosa dos Estados Unidos hoje, mas alertou que a sociedade americana pode silenciosamente minar o catolicismo ao reduzir todas as fés ao menor denominador comum.

Falando aos bispos católicos do país, o Papa disse que a igreja americana não pode baixar a guarda contra o relativismo apenas porque a fé desempenha grande parte do papel na vida pública nos EUA - mais do que na secularizada Europa.

O forte caráter indivudualista na cultura americana leva alguns católicos a "escolher" doutrinas que gostam e a ignorar outras, disse o pontífice durante um longo discurso sobre os desafios para o catolicismo nos EUA.

"Não é suficiente contar com essa religiosidade tradicional e fazer as coisas como de costume, já que a sua fundação está sendo minada", alertou ele aos bispos reunidos na Igreja da Imaculada Conceição, em Washington.

O "tipo americano de secularismo", disse ele, "pode sutilmente reduzir a crença religiosa ao menor denominador comum". O discurso para nove cardeais e 350 bispos americanos foi a principal oportunidade dele de falar aos líderes da Igreja no país e revelou um nível profundo de preocupação com a superficialidade religiosa, às vezes chamada de "religião civil".
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Fonte: Reuters
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NOTA do BLOG: se a fé católica depender dos outros e não dos próprios católicos, essa igreja está perdida.

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segunda-feira, 14 de abril de 2008

Batismo Kids

E o Menino se empolgou demais ao ser batizado.

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quinta-feira, 3 de abril de 2008

Como a justiça francesa perdoou uma mulher que matou a sua filha

Era muito estranho, até mesmo incongruente, ouvir aquelas palavras, naquele lugar específico, naquelas circunstâncias. E mesmo assim, quando o advogado da defesa, William Bourdon, se referiu aos "momentos de graça" que as pessoas presentes acabavam de vivenciar, ninguém pestanejou. Nem a presidente do tribunal, Edith Dubreuil, nem os assistentes, nem os doze jurados que estavam em volta deles, nem o representante do ministério público que auxiliava o procurador geral, nem a família, os amigos e o público que haviam comparecido para assistirem ao processo de Eva Martinet perante o Tribunal do Júri de Apelações de Paris.

Em 10 de outubro de 2003, na hora do lanche da tarde, no parque de La Courneuve, esta jovem mulher bonita e frágil amarrou um barbante de lã em volta do pescoço da sua
filha, Cady, de 7 anos de idade, e a estrangulou. Então, ela alertou alguns passantes, contando-lhes que ela havia perdido a sua filhinha no jardim. Ela também disse a mesma coisa à guarda do parque, aos policiais que chegaram prontamente, ao delegado que a ouviu, à sua melhor amiga, a todos os seus parentes que compareceram para lhe dar o seu apoio. Ela repetiu mais uma vez esta declaração quando a noite havia chegado, depois do corpo sem vida da menina ter sido encontrado num pequeno bosque. Aquilo durou treze dias. O tempo necessário para enterrar Cady. Então, em 23 de outubro, dirigindo-se ao delegado Jean-Luc Michel, que acabara de colocá-la sob regime de prisão preventiva, Eva Martinet pediu para falar com ele "a sós".

E ela confessou. "Eu estava sentada não longe do pequeno bosque. Cady quis construir uma cabana. Ela queria montar uma casa para mim. Ela estava cortando os galhos dos arbustos e então os plantava na terra. Quanto a mim, eu estava pensando na vida, sem objeto preciso. Eu olhava para Cady que estava brincando e tive o sentimento de que eu não estava conseguindo torná-la feliz. Tirei o meu trabalho de costura e as minhas agulhas da minha bolsa e comecei a tricotar. Num dado momento, Cady aproximou-se e sentou-se ao meu lado; ela pediu-me um pedaço da linha de lã. Ela me disse: 'Mãe, sabe que daria para fazer colares com isso? ', apanhando o barbante de lã e colocando-o em volta do meu pescoço. Então, ela repetiu o mesmo gesto nela, colocando o barbante em volta do seu pescoço. Ela me disse: 'Olha só como fica bonito'. Ela estava agachada entre as minhas pernas, de costas, e estava inclinando a cabeça em minha direção. Eu olhei para ela e disse: 'Sim, é bonito'. Eu estava segurando o barbante de lã com a ponta dos dedos. Então, eu não sei o que deu em mim. Fui apertando, apertando sempre com mais força; ela disse que isso a estava machucando. Eu tive vontade de aliviar a pressão, mas, ao mesmo tempo, eu não consegui suportar a idéia de que ela me criticasse por ter tido a intenção de machucá-la e continuei apertando durante um tempo que me pareceu uma eternidade. Bem que ela tentou se desvencilhar do fio, mas ela não conseguiu. Eu continuei apertando, até que ela parasse de se mexer".

Em junho de 2006, o tribunal do Júri de Seine-Saint-Denis (região parisiense), em Bobigny, condenou Eva Martinet a dez anos de reclusão. A jovem procuradora substituta que conduzia a acusação havia recomendado uma pena de vinte anos. O ministério público recorreu do veredicto, considerado como clemente demais. E Eva Martinet compareceu perante novos juízes, em Paris, de 28 a 31 de março.

Foi preciso recomeçar tudo. Procurar novamente por elementos de verdade, avançando às cegas na escuridão gélida do infanticídio, progredindo passo a passo no negrume da vida desta jovem mulher que tinha 27 anos no momento em que os fatos ocorreram. Nós estávamos tão longe desta mulher chamada Eva Martinet. Do seu desespero pesado demais para ser compartilhado, da sua existência trágica demais para ser abordada com discernimento, do seu crime grave demais para ser compreendido. Mas ela estava ali, no banco dos réus, e estava contando o seu nascimento, de um pai francês, um funcionário internacional encarregado de programas de desenvolvimento na África, e de uma mãe originária do Mali.

Ela também contou de que maneira ela foi arrancada, aos 2 anos, da sua família materna, para ser agregada a uma nova família em Burkina
Fasso pelo seu pai com uma outra mulher africana. A sua infância de menina mal amada pela sua madrasta, no meio da irmandade recomposta dos oito filhos do seu pai, oriundos de quatro uniões diferentes. A sua adolescência de órfã, depois da morte brutal do pai, e a sua chegada à França onde ela passou a morar na casa de tutores. A sua vida de excessos e de andanças sem rumo de jovem mulher. Os seus amores infelizes. A sua gravidez, que ela viveu de maneira solitária depois de uma relação passsageira. O seu retorno à África, onde ela deu à luz e começou a criar a sua filha. As suas esperanças, logo aniquiladas, de construir uma família, junto com um homem que se revelara violento. E depois, a sua instalação na França, junto com Cady, uma criança atormentada, que enlouquecia as suas professoras.

Então, compareceram para depor pessoas que ela encontrara no caminho. Todas elas heroínas ordinárias. Primeiro, as suas duas amigas. Jovens mulheres da sua idade, também mães. A sua incompreensão diante do gesto de Eva Martinet era tão grande quanto era sólido o afeto que elas nutriam por ela. Elas contaram como era a "outra" mãe. Aquela que vivia exclusivamente para e por causa da sua filha Cady, que lhe proporcionava tudo o que ela podia e nunca brigava com ninguém. Aquela que ficava calada quando as coisas não iam bem e que tranqüilizava o seu interlocutor no telefone quando este se dizia preocupado com ela.

Mais adiante no processo, compareceu a diretora da escola de Cady, Christiane Parrat. Ela começou a falar, e o silêncio tomou conta do tribunal. Eva Martinet havia provocado uma mudança brutal em sua vida, e as palavras desta diretora provocaram uma mudança brutal na platéia. Na manhã de 10 de outubro, Christiane Parrat atendeu à ligação no telefone da escola. Do outro lado da linha estava Eva, que lhe pedia para abonar a ausência da sua filha. Eva não havia ousado confessar-lhe que ela não conseguira despertar em tempo hábil porque, havia algumas semanas, a sua vida se tornara difícil demais e ela não estava mais conseguindo dar conta da situação. Ela havia alegado que a menina estivera doente durante a noite, e acrescentado que ela a manteria perto dela, uma vez que naquele dia a sua classe tinha um passeio programado.

Christiane Parrat não havia desligado imediatamente. Ela havia aproveitado a oportunidade para dizer-lhe que Cady estava enfrentando graves dificuldades nos seus estudos e na sua convivência, e que era da maior importância organizar uma reunião na escola, para discutir sobre esses assuntos. "Sim, eu sei...", havia sussurrado a mãe. "Como a gente consegue ser tão estúpida! Como a gente consegue ser tão estúpida! Fiquei tão zangada comigo mesma, senti tanto remorso por não ter lhe explicado as coisas de outra forma, por ter passado tão longe de um desespero tão grande, e não ter me dado conta de nada. Eu creio que esta mãe se sentia confrontada a um fracasso. E as mães em situação de fracasso, elas nunca costumam fazer hora na saída da escola. A escola, em casos como este, tem uma responsabilidade e tanto. Como explicar as coisas, como ajudar uma mãe? Isso é tão difícil...", contou a diretora no tribunal.

No dia que se seguiu ao drama, quando o delegado Michel havia se apresentado na escola para ouvi-la, Christiane Parrat lhe havia dito: "O senhor precisa saber de uma coisa; eu penso que foi a mãe que matou a sua filhinha". Contudo, apesar desta "sombria intuição", ela havia se dedicado a tomar todas as providências. Preparou a cerimônia que fora organizada em memória de Cady na cidade, recolheu as mensagens que os seus colegas de classe haviam escrito e que ela juntou numa pasta para levá-las para o enterro, que foi realizado numa pequena aldeia da Drôme. Ela havia juntado ao calhamaço uma carta para Eva, na qual lhe escrevia que, pouco importando o que havia acontecido, ela sempre estaria presente para Eva, que esta podia contar sempre com ela.

Duas semanas mais tarde, Christiane havia recebido uma extensa resposta desesperada, na qual Eva lhe pedia perdão. Aquela resposta deu início a uma troca de correspondência que, desde então, nunca foi interrompida. "Eu sou laica, mas, uma vez que agora estou aposentada, posso afirmar que eu sou também muito crente", confessou a antiga diretora de escola, quase que pedindo desculpas ao tribunal. Quando ela concluiu o seu depoimento, o representante do ministério público, François-Louis Coste, levantou-se. Ele não tinha nenhuma pergunta adicional a fazer. Apenas fazia questão de agradecê-la.

Arlette e Michel Bordes também são dois conhecidos que cruzaram o caminho de Eva. Ele era um amigo de infância do pai de Eva. Como pais de quatro filhos, eles fizeram dela a sua "filha do coração" e eles nunca pararam de ajudá-la. Quando ela retornara à França, eles a receberam em sua casa e a hospedaram junto com a sua filhinha durante um ano. Eles também nutriram enorme remorso por não terem sido informados das suas dificuldades e ficaram zangados por ela não ter lhes contado nada. Contudo, desde outubro de 2003, eles vêm se revezando para visitá-la uma vez a cada quinze dias na prisão. E eles contam no seu depoimento que gostam muito desta jovem mulher que está fazendo tudo para superar essa situação. Eles afirmam simplesmente que "com toda evidência, quando ela será liberada, (eles) estarão na saída para acolhê-la". De tanto trocarem mensagens com ela, Eva Martinet havia se tornado uma amiga íntima deles. Mais uma vez, o representante do ministério público levantou-se. "Eu estou muito impressionado pelos seus depoimentos. Era importante que tudo isso fosse dito".

Na segunda-feira, 31 de março, François-Louis Coste levantou-se uma última vez. Naquele instante, ele é o representante de um ministério público que recorreu da condenação de Eva Martinet à pena de dez anos de prisão. Ele lembra que, por conta do crime que ela cometeu, ela poderia ser condenada a prisão perpétua. "Isso evidencia o quanto o tribunal do júri de Bobigny se mostrou indulgente", observa. Mas ele acrescenta: "A justiça decorre de palavras, de olhares, de sofrimentos das testemunhas, da mãe acusada. E os debates me proporcionaram uma certeza: o princípio de indulgência, neste caso, se justifica". Do assassinato de Cady, "esse crime tão enorme que nós temos dificuldades para acreditar que ele possa ser simples", ele passa em revista cada etapa, afasta as sombras suspeitas que pairavam sobre certos aspectos do crime, valida o relato "sem mistério" que dele fez Eva Martinet, que, para ele, estava "totalmente isolada dentro de um jogo de espelhos vertiginoso com a sua filha".

"Então, qual veredicto será o caso de pronunciar?", prossegue. "No que me diz respeito, eu teria recomendado uma pena de quinze anos. Um veredicto já foi pronunciado; este me parece insuficiente, mas ele foi pronunciado por jurados soberanos. Ora, o que se espera da justiça? Um futuro. O veredicto, a palavra verdadeira, é a oportunidade que permite a modificação completa das nossas maneiras de enxergar o ocorrido, e que convida o crime para tomar o seu lugar nos sofrimentos da experiência. Sim, eu teria requerido quinze anos. Mas o respeito da justiça e as suas funções simbólicas fazem com que não haveria nada chocante em ver os senhores confirmarem o veredicto que já foi pronunciado. O que nos interessa aqui não é saber se a ré merece uma pena maior. O que está em jogo é que uma boa justiça seja pronunciada".

Algumas horas intermináveis mais tarde, o Tribunal do Júri de Apelação de Paris condenou Eva Martinet a dez anos de prisão. Antes que ela fosse conduzida até o seu cárcere, os seus parentes e seus amigos pediram para poder abraçá-la. A porta da cela do tribunal foi entreaberta por alguns instantes, deixando aparecer uma mulher que, naquele dia, estava completando exatamente 32 anos.

Texto de Pascale Robert-Diard
Tradução: Jean-Yves de Neufville
Fonte: site do Le Monde

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segunda-feira, 31 de março de 2008

Compromisso com a Igreja (Católica) e com o Brasil.

DIMAS LARA BARBOSA,
bispo auxiliar católico do Rio de Janeiro

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Nossas assembléias gerais são fundamentais para que a CNBB cumpra seu papel de fonte inspiradora à ação pastoral da igreja no Brasil
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DESDE que foi criada, em 1952, sob a inspiração do saudoso dom Hélder Câmara, cujo centenário de nascimento estamos a celebrar, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) vem escrevendo uma história que orgulha a igreja brasileira.

Instrumento na consolidação da comunhão episcopal (são mais de 420 bispos, aí incluídos os eméritos), a CNBB se configura também como insubstituível mediação na busca da unidade pastoral que marca as 271 circunscrições (arquidioceses, dioceses, prelazias...) espalhadas por todo o Brasil, com suas mais de 9.000 paróquias, 18 mil presbíteros, 2.300 diáconos permanentes, mais de 38,7 mil religiosos e religiosas e membros de outras formas de vida consagrada, além de centenas de milhares de agentes pastorais, leigos e leigas, responsáveis pela evangelização de nossas comunidades.

Sem dúvida, nossas assembléias gerais, realizadas anualmente, são fundamentais para que a CNBB cumpra seu papel de fonte inspiradora para a ação pastoral da igreja no Brasil. Aí reunidos, os bispos exercem, de maneira colegiada, sua missão de pastores. Partilhando preocupações e esperanças, debruçam-se sobre a realidade na qual está inserido o povo de Deus e, à luz das Sagradas Escrituras e do magistério da igreja, buscam os melhores caminhos para levar a todos a vida em abundância que Jesus veio trazer (cf. Jo 10,10).

Nesta 46ª Assembléia, que realizaremos de 2 a 11 de abril, em Itaici (Indaiatuba, São Paulo), entre os muitos assuntos a serem discutidos, três merecem destaque. O primeiro deles é o das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, um documento referência para nosso planejamento pastoral.
Renovadas a cada quatro anos, as diretrizes não só asseguram, na diversidade, a unidade da igreja como também apontam pistas para que a evangelização esteja cada vez mais de acordo com as exigências de seu tempo e, portanto, fiel a Jesus Cristo e a seu plano de construção de uma sociedade justa e fraterna, sinal do reino que Ele inaugurou entre nós.

Está cada vez mais claro para nós que "vivemos uma mudança de época, e seu nível mais profundo é o cultural", em que "se dissolve a concepção integral do ser humano, a sua relação com o mundo e com Deus" (cf. Documento de Aparecida, 44).
Por causa de uma economia subserviente ao mercado e voltada primordialmente para o lucro, vemos dilacerados os rostos de tantos excluídos, que se tornam supérfluos e descartáveis. Não fazemos pastoral para anjos, mas para pessoas concretas que vivem situações concretas de dor e sofrimento.

Um segundo tema que ocupará a atenção dos bispos em Itaici são as decisões da 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada em Aparecida (SP) em maio do ano passado.

Essa conferência, ao mesmo tempo em que reafirmou as grandes opções da igreja latino-americana e caribenha pelos pobres e pela fidelidade ao Vaticano 2º, mostrou também uma força nova que brota das comunidades eclesiais de base (CEBs), das novas comunidades e movimentos com seus carismas próprios.

Não deixou, porém, de mostrar algumas fraquezas que requererão de nós esforço e trabalho para serem superadas. Nesse contexto se insere o apelo a uma conversão pastoral que significa a revisão de nossas estruturas e métodos pastorais.
Desafia-nos, ainda, o número de comunidades privadas da eucaristia por causa da escassez de padres, além da multidão de católicos que, sem deixar formalmente nossa igreja, não participam de nossas comunidades nem têm vida sacramental.
Ainda sob a inspiração da conferência de Aparecida, nasce o terceiro tema de nossa assembléia: a missão continental. Definida como uma grande ação conjunta da igreja da América Latina e do Caribe, essa missão há de se constituir num momento ímpar de reavivamento da fé no coração dos católicos, levando-os a um compromisso com a justiça e a paz, conforme o desejo do próprio Cristo.

Confiamos na ação do Espírito Santo que haverá de nos assistir. Sob sua luz e sob a proteção da mãe Aparecida, queremos olhar para a igreja e para o Brasil, a fim de sermos protagonistas de uma nova história, na construção da civilização do amor.

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DOM DIMAS LARA BARBOSA , 52, doutor em teologia sistemática pela Universidade Gregoriana de Roma, é bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
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A opinião do autor não traduz a opinião do diretor deste blog.
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Fonte: Folha/tendências e debates.

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quinta-feira, 27 de março de 2008

Ligeiramente Grávido.



O transexual americano Thomas Beatie anunciou estar grávido de uma menina e deve dar à luz em julho deste ano, apesar da oposição da classe médica, de parentes e amigos.

Em depoimento prestado à revista dirigida a homossexuais The Advocate, Beatie, que nasceu mulher, mas trocou de sexo há oito anos, conta que sua mulher de dez anos, Nancy, sofreu uma histerectomia - retirada do útero - no passado e, quando o casal decidiu iniciar uma família, coube a ele engravidar.

"Querer ter um filho biológico não é um desejo feminino ou masculino, é um desejo humano", disse Beatie, acrescentando que, quando o casal decidiu ter um filho, ele parou de tomar suas doses regulares de testosterona e voltou a ovular naturalmente, não sendo necessário o uso de nenhuma droga para aumentar a fertilidade.

""Eu sou um transexual, legalmente um homem, e legalmente casado com Nancy", diz ele na revista. Conto com todos os direitos federais de um casamento".

Quando trocou de sexo, Beatie se submeteu a uma mastectomia - teve seus seios retirados - e iniciou uma terapia com hormônios masculinos.

"Mas mantive meus direitos reprodutivos", diz ele.

Rejeição
Beatie conta que o casal enfrentou rejeição e chegou a ser recusado por médicos, quando foi procurar inseminação artificial.

"O primeiro médico que procuramos era um endocrinologista especializado em reprodução. Ele ficou chocado com a situação e pediu que eu raspasse os pelos faciais. Depois de uma consulta de US$ 300 ele, relutantemente, fez meus exames médicos", diz ele.

O médico ainda ordenou que o casal fosse examinado pelos psiquiatras da clínica para avaliar se eles tinham "condições psicológicas" de ter um filho.

Mas, segundo Beatie, poucos meses e alguns milhares de dólares depois, o médico suspendeu o tratamento afirmando que ele e seus funcionários se sentiam desconfortáveis por tratar alguém como ele.

"Médicos nos discriminaram, nos mandado embora por causa de crenças religiosas. Profissionais de saúde se recusaram a me chamar por um pronome masculino ou reconhecer Nancy como minha esposa. Recepcionistas riram da gente", afirma.

Ao todo, diz ele, nove médicos foram envolvidos no processo, até que eles conseguiram acesso a um banco de esperma. Mas tiveram que optar pela inseminação caseira.

Quando engravidou pela primeira vez, foi uma gravidez ectópica (quando o embrião se fixa fora da cavidade uterina) de trigêmeos, que fez com que ele perdesse os embriões e uma de suas trompas.

"Quando meu irmão soube disso, disse 'é uma coisa boa isso ter acontecido. Quem sabe que tipo de monstro teria sido?'." A família de Nancy sequer sabia que Beatie é um transexual.

Segundo Thomas, há até pouco tempo, os vizinhos na pequena comunidade de Oregon consideravam ele e Nancy um casal normal, trabalhador e apaixonado, até que eles decidiram ter o primeiro filho.

Além da comunidade médica local, poucos sabem que ele está grávido de cinco meses, mas ele afirma que está se sentindo "incrível".

"Apesar de minha barriga estar crescendo com uma nova vida dentro de mim, estou estável e confiante sendo o homem que sou. De forma técnica, me vejo como minha própria 'mãe de aluguel', apesar de que minha identidade como homem é constante. Para Nancy, sou o marido dela carregando nosso filho."

Fonte: Ig/Último Segundo.

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Lipoaspiração Divina.

promessa de emagrecimento rápido, através de "lipoaspiração divina", do pastor Ubiraci Xavier, da Igreja Evangélica Ministério Brilho do Sol, em Caxias, no Rio, está sendo criticada por especialistas e membros de igrejas católicas e evangélicas.

Segundo a nutricionista Ana Simone Fontoura Vieira, a promessa é uma atitude irresponsável do pastor e representa riscos à saúde dos fiéis. "Não é possível emagrecer só rezando, sem um acompanhamento saudável. Se esses fiéis deixarem de comer direito, a vida deles poderá ficar em risco", alerta.

De acordo com o padre Renato Gentile, da Paróquia de Santo Antônio, também em Caxias, a promessa de milagres alcançados está na Bíblia, mas não dessa forma. "Para Deus, nada é impossível, mas ninguém tem o direito de pregar promessas surreais em nome dele", disse.

O pastor Leandro Reis, da Igreja Evangélica Ministério Apascentar, de Nova Iguaçu, rebate o argumento do pastor Ubiraci Xavier de que o fiel só consegue emagrecer se tiver fé. Ele alega que o fato de o autor da promessa ser um pastor eleva a responsabilidade dele sobre a saúde de quem acredita ser capaz de emagrecer por orações. "Esse extremismo é irresponsável. Usar a fé como apelo é um pecado", critica.

Promessas de milagres e soluções de problemas são comuns em algumas congregações. Em templo de Nova Iguaçu, uma faixa na Igreja Metodista Renovada, no Jardim Corumbá, convida para a ¿Grande Campanha de Libertação Financeira¿. Os ensinamentos são de um ex-viciado em drogas. "Ele levou mais de 30 tiros, ficou em coma, mas sobreviveu. É prova de que milagres existem", diz o aposentado Dermeval Junger, membro da Igreja Metodista Renovada.

Fonte: Portal Terra.

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terça-feira, 25 de março de 2008

Londres: brasileira morre após atendimento negado

A brasileira Wanessa Marques, 23 anos, chegou a Londres em 16 de junho de 2007. Três dias depois, com fortes dores na perna, a jovem, que estava com visto de turista, teve atendimento médico inicial negado na rede pública britânica e morreu de trombose em um hospital pouco mais de um mês depois.

É inevitável pensar que se ela tivesse sido atendida pelo clínico-geral talvez a sua vida tivesse sido poupada", disse à BBC Brasil Vânia da Conceição Borges, mãe de Wanessa. "Eles não poderiam jamais ter negado atendimento. Independentemente de ter o documento ou não, era um ser humano", criticou.

Em resposta à BBC Brasil, o Ministério da Saúde britânico informou que a legislação do país estabelece que os clínicos gerais do sistema público de saúde podem atender gratuitamente (porém não são obrigados) a pacientes com o visto de turista.

"Se optarem por não prestar atendimento gratuito, devem, pelo menos, oferecer ao paciente a possibilidade de pagar pelo tratamento", esclareceu o ministério - o que não teria acontecido no caso de Wanessa.
"Ponto final"

A prima da jovem, Suzi Farias, acompanhou Wanessa ao médico e contou que a clínica negou o atendimento alegando que ela não era residente na Grã-Bretanha.
"Ela (a recepcionista) não só negou atendimento, como também disse não saber onde ela poderia receber assistência. Eu fiquei tão indignada que perguntei: 'se alguém chega aqui morrendo vocês não atendem'? Ela me respondeu que não".
Na Grã-Bretanha, os atendimentos médicos iniciais são prestados pela rede pública, até para os clientes dos planos privados de saúde. Para Wanessa, não teria sido possível, por exemplo, ter optado por um médico particular.

De acordo com informações da Bupa, a maior prestadora de planos de saúde do país, o primeiro diagnóstico é feito, geralmente, por um clínico geral público que, em seguida, pode encaminhar o paciente para o tratamento privado.

Durante duas semanas, Suzi cuidou da prima, aplicando pomadas na perna e dando analgésicos para dor. Um dia, no entanto, Wanessa amanheceu muito amarela e, preocupada, Suzi resolveu pedir a ajuda de sua mãe. "A minha mãe ficou em choque ao ver a Wanessa e me disse para levá-la ao hospital imediatamente, mas, antes mesmo de eu chamar a ambulância, ela teve o primeiro ataque cardíaco", contou.
Wanessa chegou ao hospital com vida e recebeu um marca-passo, que não evitou outros dois ataques cardíacos, levando-a ao estágio de coma durante 20 dias. A mãe de Wanessa chegou a vir do Brasil para acompanhar a filha de perto, mas já era tarde demais.

Ao chegar à Grã-Bretanha, no dia 20 de julho de 2007, recebeu a notícia de que a filha falecera no dia de sua chegada. Sem recursos para enviar o corpo para o Brasil, Wanessa foi enterrada em Londres, onde, como escreveu em seu diário, "seria o seu ponto final".

As despesas com o funeral, que custou 4,1 mil libras (cerca de R$ 14,8 mil), foram pagas com doações da comunidade brasileira.

Problema comum

Um estudo da ONG Médicos do Mundo, com sede em Bruxelas, indica que 76% dos imigrantes ilegais em sete países europeus não têm acesso à assistência médica gratuita. "Essas pessoas deveriam, teoricamente, ter acesso ao tratamento gratuito. Mas, na prática, há uma série de obstáculos", explicou Michel Degueldre, presidente da ONG.

O maior problema, segundo o estudo, é que os residentes ilegais que têm direito à assistência gratuita não sabem disso ou não conseguem informações sobre como solicitá-la. A organização também chama a atenção para o fato de que muitos profissionais de saúde se recusam a oferecer o atendimento estabelecido por lei a ilegais.

Fernanda Nidecker *

*Colaborou: Márcia Bizzotto, da BBC Brasil em Bruxelas

BBC Brasil

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Le Monde: Brasil Mantém "Serenidade" Diante da Crise Internacional

Diante da atual crise financeira internacional, o Brasil mantém uma "bela serenidade", afirma hoje uma reportagem do jornal francês Le Monde.

Em uma análise da conjuntura econômica brasileira, o correspondente do vespertino parisiense avalia que a 10ª economia do mundo "vive um período de esplendor que inspira confiança em seus parceiros, assim como em si mesma".
Entre as razões que o repórter elenca para criar tal clima, está o crescimento de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2007 - "a segunda boa notícia do ano, depois do anúncio, no fim de fevereiro, de que o Brasil se tornou credor" no sistema financeiro mundial.

"É o país emergente que mais aumentou seus meios de troca em 2007. O nível de suas reservas - hoje superiores sua dívida externa pública e privada - lhe garante um confortável colchão de divisas que lhe protege da seca do mercado", avalia o repórter.

O jornalista menciona a diversificação dos produtos e destinos de exportação brasileiros, e qualifica de "autônoma e transparente" as intervenção do Banco Central (BC) na economia.

Entretanto, lembra o Monde, há "perigos" que "se aproximam". O primeiro é um ligeiro déficit no balanço de conta-corrente em 2007 por conta do ritmo de importações, elevado pela alta demanda interna e pelo poder de compra do real.

"A inflação é o segundo perigo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva a considera o pior inimigo dos pobres, cuja causa ele defende. O chefe de Estado prefere um crescimento modesto, que não transporte o germe do retorno da inflação", escreve o repórter.

Fonte: portal Terra

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quinta-feira, 20 de março de 2008

Congressistas Querem Regulamentar Profissão de Teólogo.

Dois projetos de lei em tramitação no Congresso estão causando polêmica pela liberalidade com que conferem o título de teólogo a líderes religiosos. Para ser teólogo, bastaria 'praticar vida contemplativa' ou 'realizar ação social na comunidade', por exemplo.

O primeiro, do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e candidato à prefeitura do Rio, reconhece o não-diplomado que há mais de cinco anos exerça efetivamente a 'atividade de teólogo'. O segundo, do ex-deputado Victorio Galli (PMDB-MT), pastor da Assembléia de Deus, abre mais o leque: 'Teólogo é o profissional que realiza liturgias, celebrações, cultos e ritos; dirige e administra comunidades; forma pessoas segundo preceitos religiosos das diferentes tradições; orienta pessoas; realiza ação social na comunidade; pesquisa a doutrina religiosa; transmite ensinamentos religiosos, pratica vida contemplativa e meditativa e preserva a tradição. ' A classificação está prevista no artigo 2º do projeto de lei 2.407/07, da Câmara.

Esse perfil abrange todos os padres, pastores, ministros, obreiros e sacerdotes de todas as religiões. O número passaria de 1 milhão, pela estimativa do Conselho Federal de Teólogos (CFT), com base em dados do IBGE. Hoje teólogos devem ser formados em cursos de graduação.
O presidente da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (Soter), Afonso Ligorio Soares, o professor Paulo Fernandes de Andrade, representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), levaram suas objeções a Crivella no dia 20 de dezembro, mas não conseguiram que ele desistisse do projeto. Segundo a assessoria do senador, ele concordaria em submeter a questão a um debate mais amplo, convocando uma audiência pública. 'Os projetos são inconstitucionais, porque interferem na liberdade religiosa e na liberdade de a Igreja se definir internamente, pois é ela que decide quem pode ser sacerdote ou pastor', afirma Soares.

Para o padre Márcio Fabri, professor da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da Arquidiocese de São Paulo e ex-presidente da Soter, o teólogo exerce um serviço confessional que é interno às comunidades, às quais cabe regulá-lo.

O projeto de lei do Senado (PLS 114/2005) recebeu parecer favorável do senador Magno Malta (PR-ES), pastor da Igreja Batista. Enviado para a Comissão de Assuntos Sociais do Senado, está pronto há um ano para entrar na pauta de votação.

'Acima de qualquer outra profissão, a profissão de fé exige muito mais de vocação e devoção do que de formação acadêmica', afirmou Crivella ao Estado, por e-mail. 'Contudo, creio que seja útil, embora não indispensável, uma formação em Teologia.' Questionado sobre sua formação, o senador Crivella respondeu que ela ocorreu 'na prática'. 'Professo o evangelismo desde os meus 14 anos de idade e, a par do ministério que exerci no Brasil, também atuei como missionário por quase dez anos na África. Assim, a minha formação decorre de uma longa experiência de convívio com Deus e a Sua Palavra.'

CARTÓRIOS

Segundo o presidente do CFT, pastor Walter da Silva Filho, da Assembléia de Deus, foi o Conselho que sugeriu ao senador a regulamentação da profissão de teólogo. O texto de Crivella prevê a criação, pelo Poder Executivo, de um Conselho Nacional de Teólogos que, na avaliação de Silva Filho, poderia ser o órgão que ele preside.

'Há nos bastidores uma tentativa de forçar, após a aprovação do projeto, a aceitação pelo governo do CFT como órgão competente para registro da profissão de teólogo', adverte o pastor Jorge Leibe Pereira, da Assembléia de Deus. Presidente da Ordem Federal de Teólogos Interdenominacionais do Brasil (Otib), que, assim como o CFT, cobra taxas pela expedição de registro de diplomas e certificados, Leibe afirma que dirigentes do CFT querem o monopólio da Teologia no Brasil, 'o que é inaceitável'. Para Crivella, caso seu projeto seja aprovado, 'o natural será nos encaminharmos para representação única'.

BANALIZAÇÃO

Alertado para o risco de banalização do teólogo, já que pessoas não qualificadas poderiam comprovar, com testemunhas, terem exercido a atividade há mais de cinco anos, Crivella afirma que, pelo seu projeto, só seriam beneficiados os 'estudiosos da realidade da fé', e não todos os ministros de culto.

Teólogo, segundo Soares, que além de presidente da Soter é professor de pós-graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 'é um estudioso e cientista que faz uma reflexão crítica sobre sua própria religião'.

O pastor presbiteriano Fernando Bortoletto Filho, diretor-executivo da Associação de Seminários Teológicos Evangélicos, que tem 40 filiados de diferentes denominações, disse ter ficado perplexo com a generalização do conceito de teólogo. 'As escolas formam bacharéis em Teologia que não são considerados teólogos. Merece esse título quem tem produção científica própria, a ponto de se tornar referência por seu pensamento', define Bortoletto, citando como exemplo o católico Leonardo Boff. 'Há professores de Teologia que não são teólogos', acrescentou. O diretor do Seminário Presbiteriano de São Paulo, reverendo Gerson Lacerda, concorda. 'Fiz curso de Teologia, mas não sou teólogo', diz. Lacerda preocupa-se também com a criação de conselhos ou ordens de teólogos. 'Não me filiei a nenhum deles nem vejo necessidade.'

TRECHOS

'Teólogo é o profissional que realiza liturgias, celebrações, cultos e ritos; dirige e administra comunidades; forma pessoas segundo preceitos religiosos das diferentes tradições; orienta pessoas; realiza ação social na comunidade; pesquisa a doutrina religiosa; transmite ensinamentos religiosos, pratica vida contemplativa e meditativa e preserva a tradição'

Projeto de lei 114/05:

Cria o Conselho Nacional de Teólogos, representação única dos teólogos do Brasil
Projeto de lei 2.407/07:

fonte: O Estado de S. Paulo

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Fazendeiro Fotografa Rosto no Céu.



Um fato curioso foi fotografado por um morador de uma fazenda no município de Chapadão do Sul (MS) durante um mau tempo que ocorreu na tarde desta terça-feira: um rosto apareceu em meio às nuvens.

O fenômeno pôde ser visto próximo a uma espécie de redemoinho que se formava no céu junto com a ventania, antes de uma forte chuva.

O fazendeiro José Cláudio Krug informou que no momento do temporal não prestou atenção no rosto e se surpreendeu ao identificar o desenho quando olhou hoje a imagem tirada pela câmera do celular.
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Fonte: Terra/vc repórter.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Candidato a Presidente dos EUA Censura seu Ex-Pastor.

WASHINGTON, 14 Mar 2008 (AFP) - O candidato democrata à Casa Branca Barack Obama denunciou categoricamente nesta sexta-feira as declarações incendiárias de seu ex-pastor, segundo as quais os Estados Unidos são responsáveis pelos ataques de 11 de setembro de 2001.

"Discordo totalmente e denuncio categoricamente as declarações" do pastor Jeremiah Wright, afirmou Obama no site político Huffington Post.

Membro da igreja protestante Trinity Church of Christ, à qual pertence Obama, o pastor Wright considerou recentemente que o "terrorismo" americano era responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001. Ele também afirmou que os negros americanos deveriam dizer "Que Deus amaldiçoe a América" em vez de "Que Deus abençoe a América" por causa do tratamento infligido, segundo ele, aos negros nos Estados Unidos.

Os sermões do pastor Wright, que celebrou o casamento de Barack e Michelle Obama e batizou seus filhos, circulavam nos últimos dias na internet e nos canais de televisão.

O pastor, que se retirou da igreja freqüentada por Obama em Chicago (Illinois), havia criado uma polêmica recentemente ao expressar seu apoio ao líder do movimento muçulmano negro americano "Nation of Islam" Louis Farrakhan, conhecido por suas declarações anti-semitas e homofóbicas.
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Fonte: Uol Notícias.

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Mara Maravilha Sofre Cirurgia de Apendicite.



No início da noite de quinta-feira, 13, Mara Maravilha estava em Mogi das Cruzes, SP, quando passou a sentir dores intensas no abdômen.
O mal-estar fez a cantora, quase desmaiando, procurar um pronto-socorro na região.

Medicada, ela retornou a São Paulo. Mas na tarde de sexta, 14, as dores voltaram mais fortes ainda.

Mara foi internada no Hospital São Camilo, onde o Dr. Masami Sato e equipe submeteram-na a cirurgia de apendicite. A artista ainda não tem data para receber alta, mas recupera-se bem.

Foto: Símbolo Imagens

Fonte: Uol Notícias

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