quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Ovo Frito Custa 50 mil para Governador do Paraná!



A TV Educativa do Paraná interrompeu sua programação normal nesta terça-feira, dia 22, e transmitiu apenas uma nota da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), a cada 15 minutos, conforme determinação da Justiça, um depoimento do presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e uma resposta do Governo do Estado. Em vez da programação normal, a TV Educativa deixou no ar o Hino do Paraná e o Hino Nacional.

Requião disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta quarta-feira, dia 23, que é um "governador sem voz" e que se sente amordaçado (aguarde o áudio).

"Eu me sinto impotente aqui. Censurado e impotente... amordaçado, sou um governador sem voz", disse Requião.

Roberto Requião disse também a Paulo Henrique Amorim que o problema é a Globo, que faz uma campanha contra o Governo dele. "O negócio é a Globo mesmo. Porque todas as vezes que eles publicaram uma mentira, eu botei a mentira deles e desmenti com uma reportagem, filmes e fatos. E foi ao ar na Educativa. Eles estão furiosos", disse Requião.

Requião disse que não pode criticar a Globo no seu programa na TV Educativa. "Eu não posso criticar a Globo, fui expressamente proibido de criticar a imprensa e a imprensa que eu critico aqui é a Globo, por causa da desinformação, não posso criticar o Judiciário, não posso falar das instituições. Ou seja, é tão maluca a coisa que como o Governo do Estado, o Executivo é uma instituição, eu não posso criticar nem o meu Governo. Não é uma instituição da República?", disse Requião.

Requião disse que está decepcionado com o silêncio da sociedade civil e da OAB. Ele disse que vai recorrer a organismos internacionais.

Leia a íntegra da entrevista com o governador Roberto Requião:

Roberto Requião – Eles me obrigaram a botar o tal manifesto da Associação dos Juizes de 15 em 15 minutos na televisão do Estado ontem, 24 horas.

Paulo Henrique Amorim – Eu vi. Agora, por que o senhor chegou a essa decisão extrema de tirar a televisão do ar?

Roberto Requião – Porque de 15 em 15 minutos ele me demolia a rede de programação.

Paulo Henrique Amorim – A rede se tornava, portanto, inoperante?

Roberto Requião – Inviável, inviabilizava a rede. Daí eu pus a minha resposta e pus um depoimento do presidente da ABI. Mas tirei, porque se não ela ia ficar toda cortada.

Paulo Henrique Amorim – Entendi.

Roberto Requião – Inviabilizou a televisão. Agora, o que existe de verdadeiro nisso é que se estabeleceu a censura prévia no Brasil. Tentei um mandado de segurança em Brasília, não consegui. Eu acho que o corporativismo dos juízes está muito forte, eu vou partir para uma denúncia internacional.

Paulo Henrique Amorim – O que o senhor pretende fazer agora?

Roberto Requião – Mandar para os organismos internacionais o protesto e a notícia. Eu me sinto impotente aqui, censurado e impotente.

Paulo Henrique Amorim – O senhor não tem como recorrer ainda à Justiça brasileira?

Roberto Requião – Eu vou continuar recorrendo, mas a negativa do mandado de segurança de ontem, Paulo, foi terrível. Eu sou advogado, eu nunca vi isso na minha vida.

Paulo Henrique Amorim – Quem é que negou?

Roberto Requião – O juiz federal em Porto Alegre.

Paulo Henrique Amorim – O mesmo Lippman, ou não?

Roberto Requião – Não, outro. O que me dá uma idéia de que há uma visão corporativa disso. Sobre o Lippman, mais cedo ou mais tarde o Brasil vai saber quem ele é. Mas a censura se estabeleceu. Agora, outra coisa terrível é o silêncio da OAB e tudo mais.

Paulo Henrique Amorim – Mas nós vamos tentar cobrar isso nas nossas modestas possibilidades...

Roberto Requião – Agora, você veja, o negócio é a Globo mesmo, Paulo.

Paulo Henrique Amorim – Por quê?

Roberto Requião – Porque todas as vezes que ele publicaram uma mentira, eu botei a mentira deles e desmenti com uma reportagem, filmes e fatos. E pus no ar na Educativa. Eles estão furiosos. Eles mentiram durante a campanha eleitoral sobre o porto de Paranaguá, sobre filas no porto, mas com filmes de oito anos atrás, do Governo que me antecedeu. Daí eu mostrei que era mentira. E sistematicamente isso tem acontecido.

Paulo Henrique Amorim – Então o senhor acha que, por elipse, o Judiciário está trabalhando para a Globo, é isso?

Roberto Requião – Não, o que eu acho é que está dando guarida aos processos da rede. E a partir do momento, o Ministério Público, quando eu mostrei o salário deles. Eles estão inconformados do povo saber quanto eles ganham... É muito ruim isso. Não é ruim para mim, Paulo. É ruim para o país.

Paulo Henrique Amorim – Agora, governador, o que vai acontecer agora, a emissora vai ficar fora do ar?

Roberto Requião – Não, não. Ela ficou no ar. Ela só apresentava o Hino do Paraná, o Hino Nacional e de 15 em 15 minutos punha o manifesto dos juízes e punha a minha resposta ao manifesto e o depoimento da ABI. Ficou o dia inteiro assim ontem. Agora, meia noite entrou no ar.

Paulo Henrique Amorim – Hoje voltou a programação normal?

Roberto Requião – Voltou a programação normal. Mas eu estou censurado.

Paulo Henrique Amorim – Portanto, o senhor não pode ir para o ar fazer aquele programa que o senhor fazia?

Roberto Requião – Eu posso fazer, só que eu não posso falar no programa. Eu não posso criticar a Globo, fui expressamente proibido de criticar a imprensa e a imprensa que eu critico aqui é a Globo, por causa da desinformação, não posso criticar o Judiciário, não posso falar das instituições. Ou seja, é tão maluca a coisa que como o Governo do Estado, o Executivo é uma instituição, eu não posso criticar nem o meu Governo. Não é uma instituição da República?

Paulo Henrique Amorim – É verdade. O senhor foi amordaçado?

Roberto Requião – Amordaçado. Sou um governador sem voz. Daí eles dizem: ‘não, pode falar na iniciativa privada’. A iniciativa privada não me dá espaço. Eu há oito anos no Paraná não dou uma entrevista ao vivo numa televisão.

Paulo Henrique Amorim – Vamos continuar a cobrir essa sua batalha aí...

Roberto Requião – Lembra quando você me convidou para uma entrevista e o Governo lhe vetou?

Paulo Henrique Amorim – Lembro.

Roberto Requião – Dede então tem sido assim... Agora, Paulo, esse juiz vai se desmontar. Ele foi candidato a deputado estadual pelo PDT há muito tempo atrás. Me sinto amordaçado e impotente. Vou continuar recorrendo e vou levar aos organismos internacionais. Agora, o que me decepciona mais é o silencio da sociedade civil, o silêncio da OAB.

Paulo Henrique Amorim – Nós vamos interpelar o presidente da OAB Nacional.

Roberto Requião – Isso é interessante.

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